Nos últimos anos, as redes sociais tornaram-se um elemento quase omnipresente no nosso dia a dia. A promessa de conteúdos personalizados — supostamente adaptados aos nossos gostos e interesses — tem mantido milhões de utilizadores ligados durante horas a fio. Mas será que aquilo que nos é mostrado é realmente “para nós”? Ou estaremos a ser manipulados por algoritmos que visam, acima de tudo, captar a nossa atenção?
Plataformas como o Instagram, TikTok ou X (o antigo Twitter) integram um separador de recomendações chamado Para ti ou For You. Este espaço, que parece ter sido criado para facilitar a descoberta de conteúdos relevantes, pode representar riscos menos óbvios, mas profundamente significativos — desde a recolha abusiva de dados até ao impacto psicológico no utilizador.
Neste artigo, a Informática Fácil apresenta cinco razões pelas quais deve evitar o separador “Para ti” nas redes sociais — e como esta funcionalidade, embora popular, pode não estar a trabalhar a seu favor.
1. Não é realmente “Para ti”
À primeira vista, o separador “Para ti” parece feito à sua medida. Mas, na verdade, não se trata de um gesto altruísta por parte das plataformas. Este conteúdo é gerado com base nos seus dados e comportamentos, com o objetivo principal de o manter ligado durante mais tempo — e não de o agradar.
O que lhe é mostrado pode até parecer relevante, mas serve sobretudo para testar a sua resposta, recolher mais dados e alimentar algoritmos que só visam aumentar o tempo de permanência na aplicação.
2. É uma máquina de recolha de dados
Cada toque, deslize ou visualização que faz dentro deste separador é uma fonte de dados para as plataformas. O “Para ti” funciona como uma esponja que absorve tudo: os seus interesses, emoções, horários de utilização, preferências políticas e muito mais.
Estas informações são depois utilizadas para lhe apresentar conteúdos ainda mais envolventes — ou para serem vendidas a anunciantes interessados em segmentação cada vez mais precisa. O resultado? Um ciclo de monitorização constante que o torna cada vez mais previsível — e manipulável.
3. Fecha-o numa bolha de opinião
O algoritmo tende a mostrar-lhe aquilo com que concorda. Ao privilegiar conteúdos semelhantes aos que já consumiu, as redes sociais limitam a diversidade de informação e expõem-no apenas a visões do mundo que reforçam as suas próprias crenças.
Com o tempo, isto pode criar uma “bolha de filtro”, onde outras perspetivas desaparecem e a ilusão de consenso se instala. Esse efeito não só reduz a sua capacidade crítica como o afasta de uma visão mais equilibrada da realidade.
4. Estimula emoções negativas
Engajamento é o nome do jogo — e, por estranho que pareça, emoções negativas geram mais cliques do que as positivas. É por isso que, no meio de vídeos engraçados ou relaxantes, surgem frequentemente conteúdos que o irritam, preocupam ou deixam triste.
As plataformas sabem que a controvérsia, o choque e a indignação são ferramentas poderosas para prender a sua atenção. O seu bem-estar emocional torna-se secundário, desde que continue a consumir.
5. Torna-se facilmente viciante
Muitos utilizadores recorrem ao separador “Para ti” como forma de distração momentânea. No entanto, a combinação de vídeos curtos, recompensas visuais rápidas e scroll infinito cria o ambiente perfeito para desenvolver dependência.
O vício em redes sociais é um fenómeno real e cada vez mais estudado, com impactos no desempenho profissional, nas relações pessoais e até na saúde mental. Condições como o chamado brain rot — uma espécie de “fadiga cognitiva digital” — começam a surgir com frequência preocupante.
Como se proteger?
Embora seja difícil abandonar totalmente as redes sociais, há medidas que pode adotar para reduzir os riscos:
- Evite o separador “Para ti” e utilize mais as funcionalidades de pesquisa direta ou listas de amigos;
- Estabeleça limites de tempo de utilização no seu dispositivo;
- Desative recomendações automáticas sempre que possível;
- Faça pausas regulares das redes sociais;
- Diversifique as fontes de informação fora das plataformas.
Conclusão
O separador “Para ti” das redes sociais pode parecer inofensivo — até útil — mas esconde um funcionamento complexo e, por vezes, prejudicial. Ao compreender como estes sistemas funcionam, torna-se possível tomar decisões mais conscientes e recuperar algum controlo sobre a forma como interage com a tecnologia.
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