Milhões de cookies roubados expõem portugueses ao cibercrime: Portugal entre os países mais afetados

Portugal encontra-se entre os países mais afetados pelo roubo de cookies, ocupando a 30.ª posição entre 253 países analisados. De acordo com a mais recente investigação da NordVPN, foram identificados mais de 684 milhões de cookies portugueses na dark web, sendo que cerca de 57 milhões ainda se mantêm ativos e associados à atividade real dos utilizadores. Esta realidade coloca em evidência a vulnerabilidade dos portugueses perante o cibercrime, numa altura em que o roubo de cookies atinge níveis sem precedentes.
Os cookies, pequenos ficheiros de texto criados pelos sites para guardar preferências, dados de sessão e comportamentos de navegação, são essenciais para uma experiência online personalizada e eficiente. No entanto, estes mesmos ficheiros tornaram-se um alvo apetecível para hackers, que os utilizam para aceder a contas, roubar identidades e contornar sistemas de segurança, muitas vezes sem que o utilizador se aperceba.
Segundo Adrianus Warmenhoven, especialista em cibersegurança da NordVPN, “os cookies podem parecer inofensivos, mas, nas mãos erradas, funcionam como chaves digitais para as nossas informações mais privadas”. O que foi concebido para facilitar a navegação é agora uma vulnerabilidade crescente, explorada por cibercriminosos em todo o mundo.
Crescimento Exponencial do Roubo de Cookies
O estudo da NordVPN revela que, a nível global, o número de cookies roubados aumentou drasticamente, passando de 54 mil milhões para quase 94 mil milhões num único ano — um crescimento de 74%. Destes, cerca de 20% continuam ativos, o que representa uma ameaça constante para a privacidade dos utilizadores. As principais plataformas afetadas incluem gigantes como Google, YouTube, Microsoft e Bing, que concentram milhares de milhões de cookies comprometidos.
Além da quantidade, a qualidade dos dados roubados é motivo de preocupação. Entre as informações expostas encontram-se nomes completos, endereços de email, localizações, palavras-passe e moradas físicas — dados que podem ser utilizados para fraudes, roubos de identidade e acessos não autorizados a contas bancárias ou profissionais.
O estudo destaca ainda o aumento do número de malware especializados neste tipo de ataque: de 12 para 38 tipos diferentes em apenas um ano. Redline, Vidar e LummaC2 são os mais ativos, conhecidos pela sua eficácia em roubar credenciais, palavras-passe e dados sensíveis diretamente dos navegadores das vítimas. Em 2025, surgiram ainda 26 novas variantes de malware, como RisePro, Stealc, Nexus e Rhadamanthys, que demonstram a rápida evolução e sofisticação destas ameaças.


O Impacto em Portugal
Apesar de apenas 8,35% dos cookies portugueses expostos estarem ainda ativos, isso representa cerca de 57 milhões de sessões reais vulneráveis a ataques. Mesmo uma pequena percentagem de um universo tão vasto traduz-se em centenas de milhares de utilizadores potencialmente em risco de ciberataques, roubo de identidade e perda de dados pessoais e profissionais.
A exposição de dados em Portugal acompanha a tendência global de crescimento do cibercrime, tornando essencial a adoção de medidas de proteção por parte dos utilizadores e empresas. A facilidade com que um cookie pode ser roubado e utilizado para aceder a contas sem necessidade de palavra-passe faz deste tipo de ataque uma das maiores ameaças à privacidade digital atualmente.
Como Proteger os Seus Dados Contra o Roubo de Cookies
Para minimizar o risco de exposição ao cibercrime, os especialistas recomendam:
- Utilizar palavras-passe fortes e únicas para cada conta, evitando repetições.
- Ativar a autenticação multifator (MFA) sempre que possível, adicionando uma camada extra de segurança.
- Manter dispositivos e software sempre atualizados, garantindo a correção de vulnerabilidades conhecidas.
- Limpar regularmente os cookies e dados de navegação nos browsers, reduzindo a janela de oportunidade para acessos não autorizados.
- Rever e ajustar as definições de privacidade das contas online, partilhando informações apenas com serviços de confiança.
- Evitar clicar em links suspeitos ou descarregar ficheiros desconhecidos, que podem ser portas de entrada para malware.
Segundo Adrianus Warmenhoven, “tomar precauções básicas como utilizar palavras-passe fortes, ativar a autenticação multifator e manter-se alerta online pode reduzir significativamente o risco de ser vítima de ciberataques. É um pequeno investimento de tempo que pode proteger contra grandes ameaças.”
A crescente sofisticação dos ataques e a quantidade de dados expostos sublinham a importância de uma postura proativa na proteção da privacidade digital. Num mundo cada vez mais conectado, a segurança online começa por cada utilizador.