Se usas computador com frequência, é bem provável que já tenhas notado umas pequenas saliências nas teclas F e J do teclado. À primeira vista, parecem apenas um detalhe discreto, mas a verdade é que estão ali por um motivo muito inteligente: ajudar-te a escrever sem olhar para o teclado.
Estas pequenas elevações funcionam como guias táteis para os dedos indicadores, permitindo que encontres rapidamente a posição correcta das mãos — mesmo de olhos fechados. Ou seja, são uma ferramenta essencial para quem quer escrever com mais rapidez, precisão e conforto.
Porque é que são as teclas F e J?
Esta escolha não é aleatória. Nos teclados do tipo QWERTY, que usamos em Portugal e em grande parte do mundo, os dedos indicadores repousam naturalmente sobre as teclas F (mão esquerda) e J (mão direita). A partir daí, os outros dedos alinham-se automaticamente nas teclas vizinhas — A S D F à esquerda e J K L à direita.
Esta técnica faz parte da chamada digitação às cegas, muito ensinada em cursos de datilografia, e que consiste em escrever olhando apenas para o ecrã, enquanto os dedos se movimentam com base na memória muscular.
E sabias que há um terceiro risquinho no teclado?
Além do F e do J, muitos teclados também têm uma pequena saliência na tecla 5 do teclado numérico. O princípio é o mesmo: permitir que, apenas pelo tacto, consigas encontrar o centro do teclado numérico e localizar facilmente os números à volta. Um detalhe pequeno, mas extremamente útil para quem lida com números com frequência.
Ideal para aprender a escrever mais depressa
Se estás a aprender a escrever ao teclado ou a tentar ganhar mais velocidade, estas marcas táteis são aliadas preciosas. Ajudam a manter a postura correcta das mãos, reduzem o número de erros e tornam o processo de aprendizagem mais intuitivo. Com prática, é possível atingir velocidades de 100 palavras por minuto ou mais!
Mesmo que percas momentaneamente a referência das teclas, basta deslizar os dedos até encontrares o F e o J para voltares à posição certa — sem precisares de olhar para baixo.
Diferentes layouts, mesma lógica
Os risquinhos nas teclas F e J estão presentes na maioria dos layouts internacionais:
- QWERTY – usado em Portugal, EUA e Reino Unido;
- AZERTY – comum em França e na Bélgica;
- QWERTZ – utilizado na Alemanha e na Áustria.
Todos mantêm esta mesma lógica, colocando os indicadores no centro da linha de base para facilitar a escrita. Já em layouts alternativos como o Colemak ou o Dvorak, pensados para melhorar a eficiência da digitação, as marcas táteis mudam de lugar — por exemplo, nas teclas T e N (Colemak) ou U e H (Dvorak), que passam a ser as novas “casas” dos indicadores.
Um toque de história
Esta ideia não é nova. Desde que Frank Edward McGurrin popularizou a digitação em 1888, as teclas F e J (ou suas equivalentes nas máquinas de escrever) passaram a ser o ponto de referência para os dedos indicadores. Com o tempo, os fabricantes começaram a incluir saliências para facilitar ainda mais este posicionamento — embora não se saiba ao certo quem foi o primeiro a fazê-lo.
Hoje, quase todos os teclados físicos — de portáteis a computadores de secretária, terminais bancários ou caixas multibanco — incluem estas marcas. Nos teclados mecânicos, que são muito populares entre programadores e gamers, há ainda mais possibilidades de personalização, com teclas texturizadas ou formatos diferenciados. Já nos teclados virtuais, como os de smartphones ou tablets, essa ajuda tátil não existe, pois o ecrã é completamente plano.
Em resumo: os risquinhos nas teclas F, J e 5 estão longe de ser um mero detalhe. São ferramentas simples, mas eficazes, que ajudam a escrever melhor, mais depressa e com menos esforço. Da próxima vez que começares a digitar, lembra-te: basta posicionar bem os indicadores e deixar os dedos fazerem o resto.